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Alce

Alces alces

Alce: Evolução e Adaptação.

Resumo

O alce é o maior membro da família Cervidae, atingindo até 2,1 m no ombro e 450 kg de peso.
Habita florestas boreais e zonas úmidas circumpolares, exercendo papel de herbívoro-browser em ambientes terrestres e aquáticos.
Solitário, só se agrupa em torno do cio (set–out) e no cuidado materno (mai–jun).
Alimenta-se de gramíneas, plantas aquáticas, galhos e cascas, consumindo até 20 kg de matéria vegetal diariamente.
A fêmea gera 1–2 filhotes após 230 dias de gestação.
Classificado como “Menor preocupação” pela IUCN, enfrenta ameaças de caça, atropelamentos e fragmentação de habitat.
Manejo por monitoramento e corredores ecológicos visa assegurar a conectividade e reduzir conflitos humano-fauna.

 

1. Introdução

O alce é um engenheiro de ecossistema central em florestas boreais e ambientes ripários, influenciando a estrutura da vegetação e a dinâmica de nutrientes.
Ao alimentar-se de plantas aquáticas e terrestres, modula a comunidade vegetal e contribui para a ciclagem de matéria orgânica.
Sua preferência por brejos e margens de rios cria trilhas que facilitam o deslocamento de outras espécies, além de manter abertas clareiras que favorecem a regeneração de espécies pioneiras.
Culturalmente, inspira tradições e artesanato de povos indígenas na Europa e América do Norte, simbolizando força e adaptabilidade.
Apesar de ampla distribuição e população crescente em algumas regiões, pressões antrópicas — especialmente caça comercial e expansão urbana — fragmentam subpopulações, exigindo políticas de manejo integradas que conciliam conservação, pesquisa científica e uso sustentável.

 

2. Classificação taxonômica

  • Reino: Animalia

  • Filo: Chordata

  • Classe: Mammalia

  • Ordem: Artiodactyla

  • Família: Cervidae

  • Subfamília: Capreolinae

  • Gênero: Alces

  • Espécie: Alces alces (Linnaeus, 1758)

  • Região nativa: Florestas e zonas úmidas circumpolares da Europa, Ásia setentrional e América do Norte.

 

3. Morfologia, anatomia e melanismo

Machos podem atingir 2,1 m de altura no ombro e 450 kg, fêmeas até 350 kg.
A pelagem varia de marrom-escura a preta, com membros inferiores mais claros.
Orelhas grandes e focinho prognato adaptam-se ao forrageamento.
Os dois “pandões” cartilaginosos sob a garganta auxiliam na termorregulação.
Os machos desenvolvem galhadas palmadas que podem ter até 1,8 m de envergadura e pesar 18 kg cada durante o cio.
Casos raros de albinismo são documentados, mas não há registros confiáveis de melanismo natural na espécie.

 

4. Distribuição geográfica e habitat

O alce ocupa desde a Lapônia e Sibéria até o Alasca e Canadá, estendendo-se por todos os estados do Canadá (exceto Nunavut e Ilha Prince Edward) e partes do norte dos EUA (Maine, Minnesota, Montana, etc.).
Prefere florestas boreais, brejos, turfeiras e margens de rios, tolerando climas subárticos e zonas temperadas úmidas. Em áreas fragmentadas, utiliza matas ciliares como corredores de deslocamento e abrigo.

 

5. Comportamento e Hábitos

Principalmente solitário, exceto durante o cio (setembro–outubro) e no cuidado materno (maio–junho).
É mais ativo no crepúsculo e à noite, mas pode ser visto a qualquer hora do dia em áreas pouco perturbadas.
Machos buscam fêmeas em cio, exibindo galhadas e vocalizações baixas; fêmeas conduzem crias em trilhas demarcadas pela espécie para forragear e termorregular em poças de lama.

 

6. Alimentação e Papel na Cadeia Alimentar

Herbívoro-browser: no verão consome elétrons de plantas aquáticas (lírios, junco), gramíneas e brotos; no inverno, galhos, cascas e gemas de árvores como salgueiro e bétula, podendo ingerir até 20 kg/dia.
Como consumidor primário de grande porte, regula a vegetação ripária e mantém habitats abertos, beneficiando aves e pequenos mamíferos.

 

7. Reprodução e ciclo de vida

Maturidade sexual ocorre aos 2 anos. A cópula dá-se no final do verão/início do outono, com gestação de ~230 dias; os filhotes (1–2 por cria) nascem entre meados de maio e junho, pesando 13–16 kg, e permanecem com a mãe até 12–15 meses.
Expectativa de vida na natureza: 15–20 anos.

 

8. Importância Ecológica e Impacto Ambiental

Ao forragear, o alce controla a densidade de espécies lenhosas e herbáceas, preserva clareiras para regeneração de plantas pioneiras e aerifica o solo ao criar trilhas.
É presa para lobos, ursos-pardos e ursos-negros, integrando cadeias tróficas boreais.
Sua presença indica a integridade de ecossistemas de clima frio.

 

9. Estado de conservação

Listado como Menor preocupação pela IUCN e sem proteção especial em nível global, mas subespécies locais (p. ex. Alces alces andersoni) têm gestão específica.

 

10. Ameaças e Desafios para a Conservação

  • Caça e manejo de populações: sobre colheita em algumas regiões

  • Perda e fragmentação de habitat: expansão urbana e estradas

  • Atropelamentos: passagens de fauna insuficientes em rodovias

  • Conflitos com agricultores e piscicultores: danos a plantações e pisciculturas

 

11. Iniciativas e Estratégias de Conservação

  • Monitoramento populacional: censos e armadilhas fotográficas

     

  • Corredores ecológicos: manutenção de matas ciliares contínuas

     

  • Regulação da caça: cotas e temporadas específicas

     

  • Educação ambiental: redução de atropelamentos e manejo comunitário

 

12. Desafios Futuros e Perspectivas de Conservação

Mudanças climáticas expandem áreas abertas, mas alteram padrões de vegetação e gelo, exigindo adaptação de planos de manejo.
Manter conectividade genética em populações fragmentadas e financiamento perene são cruciais para a viabilidade a longo prazo.

 

13. Conclusão

O alce é um símbolo dos ecossistemas boreais e um indicador-chave da integridade ambiental.
Sua conservação requer ações integradas de manejo adaptativo, corredores ecológicos e engajamento das comunidades locais para conciliar usos humanos e necessidades da espécie.

 

14. Curiosidades

  • Pode ingerir até 20 kg de alimento por dia.

     

  • As galhadas podem pesar 18 kg cada durante o cio.

     

  • Casos de albinismo, como o “moose branco” da Suécia, são raríssimos e atraem turismo de vida selvagem.

     

  • Filhotes podem nadar segundos após o nascimento para acompanhar a mãe em travessias.

     

  • A retirada de galhadas ocorre entre novembro e janeiro, evitando peso extra no inverno.

     

 

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